O fim do mundo


Hoje, 21/12/2012, começa o verão, estação de praia, calor, chuvas, dengue, e tantas outras coisas, umas boas outras más. Os corpos se desnudam ao sol ou sob a lua, mais cerveja gelada, mais sorrisos, mais festas, mas as enchentes também acontecem nessa época, e vão matar e desabrigar muita gente. Época de posse dos prefeitos eleitos, mas o de Viana está sob suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas, e mesmo tendo sido cassada a liminar que impedia sua diplomação pelo Tribunal Regional Eleitoral, está correndo o risco de não efetivar sua administração, caso sejam verdadeiras as acusações a que lhe foram atribuídas.

Continuamos sendo, lembrando Jorge, um “país tropical e bonito por natureza”, mas somos também um país onde há uma luta imensa entre a maldita instituição da corrupção e as instituições que tentam vencê-la através dos mecanismos legais.

E porque os próprios representantes do povo, os que fazem as leis, via de regra são os primeiros que aparecem burlando os dispositivos legais, sempre tive dúvidas se um dia a legalidade vencerá essa guerra.

Fato inusitado foi a tresloucada declaração do deputado Marco Maia (PT-RS), atual presidente da Câmara dos Deputados, diante da expectativa de o Supremo Tribunal Federal decidir se os mensaleiros vão ou não imediatamente para a prisão. Ele surtou de vez ao declarar sua intenção em dar “asilo” aos deputados condenados dentro da própria Casa se for decretada a prisão pelo Ministro Joaquim Barbosa, relator do processo e presidente do STF. Ou seja, além de dar apoio e acoitamento a condenados pela justiça, Sua Excelência demonstra despreso à democracia ao não respeitar uma decisão da Alta Corte da justiça brasileira. Marco Maia é o nome dele.

E por falar em Maia, lembro os Maias que, segundo seu calendário publicado em tempos idos, é hoje o fim do mundo. Será?

Canais de TV a cabo fizeram inúmeros documentários catastróficos durante todo o ano, revistas místicas publicaram artigos e a indústria da derrota, especialmente a dos Estados Unidos, faturou muito com todo tipo de artefato. Abrigos subterrâneos, bunker portátil, flutuantes ao estilo Arca de Noé foram fabricados aos montes, e sem contar que alimentos foram estocados, armas foram adquiridas, cursos preparatórios foram ministrados. Para muitos, o fim, e para outros, a continuidade e a prosperidade..., demonstrando que a morte, como signo do desaparecimento, não passa de uma retomada para as próximas etapas. É a vida que segue.

Apesar da complexa situação que passa o planeta, com dificuldades de toda sorte em todos os continentes, é tão bom viver. Por que o mundo teria que acabar hoje? Por que não depois de mais uns 4 ou 5 bilhões de anos, e isso quando o Sol se apagar?

Sinceramente? Eu não concordo, não quero e não estou preparado para o fim de tudo. E ponto. Quero muito viver e me divertir, beber meus vinhos e ser feliz, e entremeando, um pouco de trabalho porque, afinal, tenho certeza que as contas não vão parar de chegar pontualmente, todos os meses.

Viver até que chegue o meu fim, e não o fim do mundo. E aí depois (quem é que pode ter certeza?), do outro lado, eu possa continuar minha jornada boiando pelas esferas astrais, pela universalidade, pela eternidade, até que um dia, cumprindo as inexoráveis e infalíveis ordens emanadas pelo Grande Chefe, o Grande Arquiteto do Universo, eu retorne para estas paisagens tropicais com o objetivo de consertar alguma coisa que eu eventualmente tenha deixado de executar de maneira satisfatória nesta errática e imperfeita forma humana atual. Cumprir minhas obrigações, cumprir meu karma, e continuar, sempre.

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