E agora, Brasil?



Os Jogos Olímpicos de Londres chegaram ao fim, e agora, usando uma metáfora esportiva, o bastão está nas mãos do Brasil.

Após uma belíssima festa de encerramento em Londres que confirmou o sucesso do maior evento poliesportivo do mundo, a partir de hoje, faltam pouco mais de 1400 dias para a cidade do Rio de Janeiro sediar o próximo espetáculo.

Os números que envolvem o empreendimento são fabulosos. Nada do que acontece ali é pouco. Durante os Jogos, circularam por Londres cerca de 4,5 milhões de turistas e foram realizados mais de seis mil exames antidoping.

Para o Rio de Janeiro são esperados mais de 10 mil atletas olímpicos, e numa consulta na internet, é possível descobrir rapidamente os detalhes, números e expectativas para 2016. Também aqui, como em Londres, tudo será elevado à enésima potência, e não haverá lugar para amadores. É coisa para profissional.

E é justamente aí que reside a preocupação de muita gente séria. Quem conhece minimamente sobre planejamento ou quem está acostumado como as coisas acontecem e são feitas no Brasil, sente arrepios na espinha só de pensar na possibilidade de ver, às portas de 2016, obras inacabadas e ouvir as desculpas e justificativas as mais esfarrapadas possíveis. Isto porque as notícias sobre as providências para o evento mostram que tem muita coisa atrasada, o que, conforme as condições normais de temperatura e pressão aqui em terras tupiniquins, será o mote para a roubalheira e a sacanagem de última hora: Empresas contratadas sem licitação a preços milionários, propinas rolando solto e políticos faturando em cima do povo.

Algum leitor aí já viu este filme antes? Alguém aí lembra o superfaturamento que aconteceu nos Jogos Pan-Americanos de 2007? Há informações que um orçamento inicial de R$400 milhões se transformou em R$5 bilhões no fechamento das contas. Alguém aí é ingênuo o bastante a ponto de acreditar que agora será diferente? Eu não acredito.

Será que o COI não conhece as malandragens, artimanhas e a corrupção que campeia alguns setores da gente bronzeada dessa terra?

Por outro lado, há a constatação que houve involução na conquista de medalhas por parte dos atletas brasileiros nas últimas três Olimpíadas, Grécia (2004), China (2008) e Londres (2012), relativamente aos investimentos públicos aplicados no esporte em geral. Ou seja, a fração Reais sobre Medalhas diminuiu.

Sempre houve reclamações sobre a falta de dinheiro e incentivos do Governo, mas agora, se não o mundo perfeito, pelo menos há a destinação para tal. E então, como explicar a retração das conquistas? Falta de competitividade? Recursos mal aplicados? Serão sempre muitos os motivos. Mas, tenho certeza que haverá sempre um cara-de-pau, um caradura, com razões e explanações convincentes para justificar o fiasco, o subdesenvolvimento esportivo, a baixa performance dos homens e mulheres de nossa pátria-mãe gentil.

É fato: Amarelamos em Londres. Dê uma olhadela, alheia às emoções patrióticas, nos momentos decisivos em alguns esportes nesta última Olimpíada e você vai constatar que quase chegamos lá. Quase. Apenas isso.

E é bom lembrar que no meio do caminho, em 2014, há outra obra faraônica pela frente: A Copa do Mundo de Futebol.

Deus permita que eu esteja errado no que aqui escrevo, e que minha falta de crença não nos leve ao fracasso. Eu torço, e o que me resta é somente torcer, que tudo dê certo nesses dois grandiosos acontecimentos e que o Brasil se eleve vitorioso nos Jogos e na Copa. Se não no número de medalhas, pelo menos no uso honesto dos recursos públicos: O povo brasileiro há de gostar e aplaudir.


Um comentário:

  1. Meu caro Gigi,

    lendo suas coesas palavras sobre as finadas olimpiadas compartilho de preocupações semelhantes, entretanto quando voce atenta para o fato de "só nos resta torcer!" , o meu ceticismo que a cada dia cresce como aguapé em lago de agua suja, me faz pensar se realmente vale a pena "torcer por um hexa ou por um rio olimpico".

    Pense comigo:

    a cada dia que passa pagamos mais impostos...

    a reforma fiscal e tributária está lá no congresso engavetada numa sala vazia, por que uma terça parte dos parlamentares estão nos auditórios de CPIs, outra terça parte só vai em Brasilia quando é para legislar em causa própria e a outra terça, quando saem de seus redutos de campanha municipal, é na terça pra voltar na quinta. (e em época de campanha, esqueçe!), nem assessor sobe aqueles elevadores. Salas trancadas. E o projetinho lá, dentro da gaveta... sozinho... envelhecendo... caducando... ficando pro proximo mandato, pra ser revisado e ai vem outra CPI e ele volta pra gaveta... (como uma morfina pra um soldado moribundo baleado no front).

    e continuamos pagando mais e mais impostos... agora já são 6 meses do ano trabalhando pra pagá-los... e há quem diga que os impostos são necessários... ai vem aumento de combustível e "IPI - the return!... e a professorinha do mobralzão diz: " IPI minino! Cê tá suspenso!" Vão comprá carro gente, que o IPI tá suspenso!" - ai ela vira pra diretora e coxixa: "O fia! Na hora que todo mundo tivé chei de carro, cê fala que a petrobras deu prejuízo por causa da gasulina que num sobi de preço, aí eu tasco um aumento na gasosa! Todo mundo vai tê que inchê esses tanque né?" - e mais classe "B" vai virando classe "C"... e ai fica bão, por que o bonito agora é ser classe C e D, por pega "crédito fácil".

    Ai me acusam: " mas voce não pode ser cético assim, voce tem que acreditar!"

    Vou te falar no que acredito:

    Em 10 anos, a unica riqueza que cresceu foi os cofres do governo!

    O Crescimento que eu vi e tô vendo, é só de impostos!

    Eleições federais agora, são para eleger delegados de CPI!

    Nada vai ser feito, porque como num grande carnaval, ninguem vai fazer mais nada nos proximos 6 anos, porque tem copa do mundo no brasil e depois RIO 2016. E a gordura que foi acumulada nessa década de crescimento emergente, vai ser toda consumida na corrida atrás de infra estrutura (a preços bilionários) para a copa do mundo e para aquela piada de mau gosto chamada "RIO"... (Quem sabe eles não transformam copacabana num favelão, pra ter teleférico também!).

    E quando tudo acabar, a "bolha explodirá!"

    e no fim das contas, o que eu terei perdido?

    quer saber?

    pouco! Por que eu já não alimento esperança nesse sistema desde já e não espero nada dele a não ser que ele quebre. E o desacredito cada vez mais. (como o aguapé)



    por isso te pergunto meu amigo, torcer pra que?

    utopia ou esperança?

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